sábado, 20 de junho de 2009

Oh jeitosa

Lá vai ela, com duas amigas, uma boa e outra gorda, como já estamos habituados a ver. É reconhecível ao longe, primeiro pelo bater do salto no chão que se ouve ainda antes de nos surgir à vista, depois pela voz alta ao telemóvel (quiçá a falar com ninguém, experimentem mandar-lhe um toque e tenham o deleite de ver o telemóvel a tocar enquanto ela o mantém na orelha numa pseudo-chamada, ficando extremamente corada, nem lhe vale a base que colocou em quantidades industriais) e por fim pelos contornos adornados por essa grande invenção que dá pelo nome de push-up e pelas calças um número abaixo que lhe realçam o traseiro, conferindo-lhe uma simpática forma mais redonda que o já apetecível habitual. Atentem-lhe na cara, maquilhagem tão abusiva que o dinheiro investido naquele borrão sobre os olhos mataria a fome a 120 crianças da Etiópia, quando amanhã de manhã acordarem ao lado dela nem a vão reconhecer. Mas o que importa isso depois do trabalho feito? Não pensem já nisso, continuem a observar a vossa caça desta noite. Hábitos simples: meia dúzia de vodcas (um pago por ela, os restantes cravados a jovens de camisola cor-de-rosa decotada até ao umbigo, realçando o vermelhão no peito resultante do sempre másculo acto depilatório) de diversos sabores antes de entrar na discoteca onde, imagine-se, tem direito a 4 bebidas (sem contar com aquelas oferecidas pelo rapaz simpático de camisa branca que apenas esconde junto ao cinto DG, que ostenta orgulhosamente) e não paga nada. Deixem-na consumir, deixem-na dançar, não a deixem sair sem dois dedos de conversa, dedos esses que, se tudo correr bem (ou não), ainda poderão entrar em algum lado se uma das amigas não arranjar companhia entretanto (provavelmente é a amiga gorda, daí o parêntesis anterior). Tem ar de jeitosa e com vontade de ser comida. Porque não? Desde que no fim não haja troca de número de telemóvel, há que estar atento às oportunidades.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O "amor é cego"

É bonito quando dizemos “o amor é cego”, parece mais um daquelas frases clichés que andam por aí a dizer como se não houvesse amanha. Mas desde que a minha tia me deu o pijama, nunca mais pensei assim (e o Natal em que a minha tia me “surpreendeu” com o pijama já faz uns anitos)!
Quando temos um pijama a dizer que o “amor é cego”, começamos a pensar que afinal o nosso “amorzinho” não é assim tão giro como pensávamos; que o nosso “fofinho” não tem tantos abdominais como nós pensávamos (com jeitinho, até nem tem nenhum); que o nosso “bebe” não tem o rabinho mimoso.
Começamos a pensar que quem é mesmo gato, quem tem os verdadeiros abdominais, quem tem o rabinho mimoso é o namorado da nossa amiga (amiga, amiga, negócios à parte).
Depois há sempre aquela opção de continuar a dizer que o “amor é cego” como se não houvesse amanha, como se ele, o nosso amorzinho bebe fofinho, fosse o Brad Pitt em boxers da trotlemen, namorar no “faz de conta que”.
Faz de conta que ele é o Brad Pitt em boxers da Trotleman, Faz de conta que ele se lembra de todas as datas, sem esquecer aquele circuito dos 28 dias, Faz de conta que ele faz surpresas, Faz de conta que faz serenatas sem desafinar, Faz de conta que ele leva o pequeno almoço à cama, Faz de conta que ele lava a louça, Faz de conta que ele não deixa a tampa da sanita a gritar “não me deixem cá em cima”, Faz de conta que ele compra dois bilhetes para Itália, Faz de conta que ele leva a jantar a Paris, quando pensamos que vamos a mais um jantar no palácio da Bolsa, Faz de conta que ele é rico, Faz de conta que ele existe! E vamos vivendo com um sorriso nos lábios, como se não houvesse amanha.
Depois também há sempre aquela coisa do, ele “bué de lindo” (bué já existe no dicionário, é português bem “dezido”, não venham com merdas!), e ela “bué de abjecta” (abjecta é mesmo uma palavra asquerosa…).
É mesmo caso para dizer “O AMOR É CEGO”, cego de tudo quanto é olho, por amor de deus, tenham dó!
Eu gostava de perceber, mas gostava mesmo, o porquê destas coisas acontecerem. Como é que estas miúdas conseguem, digam-me! Elas não vestem 36 copa B, nem New Fashion 38; elas não têm 1,72m, nem olhos azuis/esverdeados; elas não sabem o significado de “abjecta”; elas vão e mudam de foto no Hi5 todos os dias; elas vestem o top preto e o sapato agulha quando vão para Queima; elas têm qualquer coisa que eu não tenho, mas queria ter, o namorado! E o amor já não era cego!

pipi

Ai e tal, um ramo de flores e logo à noite já se faz Oshi Oshi, dizem eles! Até podes fazer meu querido, mas não é comigo!

Estamos em crise, é uma verdade que já nem ao meu cão posso negar (deixou de comer Friskies, agora só come Rio Sul). Mas ninguém me falou numa crise de Homens!

Porque até sou boa rapariga, aparece-me aquele homem sensível, 1.80m, corre ao domingo de manhã, oferece o novo creme anti-envelhecimento da Chanel, tem sexto sentido! Lá está, é mesmo isso meninas, mais um que acredita que o que está na moda é “jogar no mesmo team”!

Como sou uma pessoa que ainda acredita na esperança, espero, sentada, mas espero!

Ele entra, 1.81, deus grego! Deus passou por ele e benzeu três vezes, só pode! Vira-se de costas (oh meu deus, tudo no sitio), tira o seu casaquinho, volta-se e…O que é isto? Mas onde estamos? Pelinho, onde esta? Gosta de andar de metro, está visto! “ser metro sexual, é que está a dar, uhhhh!”!

(Vem o das flores, já faltava!)

É girinho, fofinho, tem pelinho onde deve ter (também não comecem para aí a apensar que prefiro o Tony Ramos ao Brad Pitt ), ainda não ganhou barriguinha de cerveja, masca chicletes, leva o pequeno almoço à cama, tira a louça da maquina e até já me levou a Itália. Não é nada mau! Mas quando chega a hora de pedir desculpas (na segunda de manha ficou em casa e não tirou a louça da máquina) lá vem ele com aquele monte de rosas para cima de mim, “amigo, eu nem de rosas gosto!” e eu digo pela quinquagésima vez “a louça continua na máquina, à tua espera!”.

Eu até tirava a louça, até perdoava se ele percebesse que não vou lá com florezinhas! Só peço um bocadinho de imaginação, será que é pedir muito a um homem?

Pois, realmente é! Peço imensa desculpa, a vocês homens, mas pensava que isso era possível!

Depois ainda tem a lata de sonhar, de pensar que aquele raminho que mandou fazer na florista ao pé do cemitério, lhe vai dar voo directo para mais uma noite de Oshi, Oshi! Até podes fazer meu querido, mas não é comigo!

E pronto, como sou uma pessoa que ainda acredita na esperança, espero, sentada, mas espero!

Espero por ele, 1.82, sorriso pepsodent, t-shirt Mike Davis, cabelinho despenteado, pelinho (no sitio certo), de fazer inveja ao deus grego, chave na mão, olhinho verde, com aquela boca que só apetece trincar, aquele homem que pratica desporto todos os dias, aquele que tem objectivos na vida, aquele sabe ser sensível sem ser gay, aquele que sabe pedir desculpas (por não ter tirado a louça da maquina) sem as florezinhas! Aquele por quem uma pessoa espera, mas acaba por ficar com o das florezinhas!


Se for uma flor roubada, até pode ser que haja Oshi Oshi…